23 agosto, 2019

Dororo [Completo]

Yo minna!
Um samurai amaldiçoado e uma criança em meio à um Japão em guerra, recheado de monstros e bandidos. Até onde eles podem ir?



Anime: Dororo (2019)
Gênero: Ação, Aventura, Demônios, Histórico, Shounen, Sobrenatural
Situação: Completo (24/24)
Sinopse: As terras do ambicioso lorde Daigo Kagemitsu estão morrendo. Para conseguir mais poder e salvar suas terras, Daigo acaba por fazer um pacto com 12 demônios que acabam por lhe dar tudo que desejava. Mas a um preço caro. Quando seu primeiro filho nasce, a criança não tem olhos, nariz, ouvidos, membros e nem mesmo pele, e ainda sim vive. Vendo que a criança não poderia ser um herdeiro, Daigo resolve se livrar da criança jogando-a no rio. Porém, em uma estranha virada do destino, a criança acaba sendo salva por um médico que lhe provê próteses para seus braços e pernas, e o ensina a sobreviver e lutar. Quando o jovem Hyakkimaru cresce, é chegada a hora dele caçar os demônios que lhe fizeram isso e reconquistar seus membros de volta. Nesse caminho, ele encontra uma jovem criança chamada Dororo, que acaba por acompanhá-lo em sua jornada neste sombrio japão feudal.


    Com um primeiro episódio muito bem animado e um protagonista com gostinho de anti-herói, Dororo traz uma trama de fantasia de um tom mais pesado e escuro, tendendo para uma visão um pouco mais realista do ambiente de guerra. Para quem não sabe, o anime é a segunda adaptação de um mangá de mesmo nome, publicado nos anos 60.

    Em um modelo episódico, o anime acompanha a jornada do protagonista derrotando demônios e, ao fazer isso, recuperando aos poucos os pedaços de seu corpo. Sem dúvida, o conceito de monstro da semana e samurai fazem um belo combo, e ele funciona muito bem no início do anime. Tendo em conjunto uma boa direção e animações de luta bastante bonitas, o anime se iniciou como algo realmente interessante, com histórias rápidas e relevantes, contribuindo para montar o personagem que é o protagonista e dando uma boa sensação de progresso à medida que ele obtinha novos pedaços de seu corpo.

    Porém, um dos principais problemas do conceito de monstro da semana é a chance de se tornar repetitivo e, a medida que o anime passa para sua segunda metade, é isso que acaba acontecendo. Apesar de ser algo que não ocorra na segunda parte inteira, assim como a perda de qualidade de animação, é um elemento que acaba minando o interesse investido e o valor de cada peça conquistada. Chega a ser frustrante ver uma obra que era tão promissora e interessante lentamente migrar para algo que se assista quase que por obrigação.

    Além disso, a mudança de foco no desenvolvimento de personagem acaba também sendo um fator crucial no incômodo da migração da primeira para a segunda parte. Na primeira parte, a Dororo fica muito mais em foco, dado que o protagonista é surdo e mudo, e possui um papel extremamente ativo em todo o desenvolvimento de trama, entregando uma boa noção do personagem dela. Quando Hyakkimaru passa a falar, Dororo vai sendo jogada de lado e Hyakkimaru passa a ser o personagem relevante na trama. Isso não só acaba mudando um tanto o tom da história, mas quebra um pouco a noção de que a história contada no anime é de ambos, como companheiros, e fica um gostinho de que não sabem bem construir dois personagens ao mesmo tempo.

    Uma coisa interessante, porém, são os assuntos que o anime se propõe a discutir. Ainda que não entre com muitos detalhes em nenhuma das discussões, o anime aborda diversos temas de moral e ética em meio à guerra. O significado do que é ser um demônio e o que é ser um humano, a relatividade do mal, entre outros, recheiam as histórias episódicas com um pouco de reflexão e significado. De certa forma, Dororo acaba saindo um pouco do traço episódico tradicional, à medida que é perceptível como cada uma dessas histórias influenciam Hyakkimaru como personagem, e como cada nova parte de seu corpo o torna mais próximo de um humano no aspecto de corpo, mas não necessariamente no aspecto de mente e alma.

    Na questão de trilha sonora, o anime foi bem decente. Apesar de não ter gostado muito da segunda abertura, a primeira abertura foi excepcionalmente boa e, durante os episódios, foram poucos os momentos em que fiquei incomodado com a trilha. A animação, como dito antes, gradualmente se desgasta com o tempo, em especial na segunda parte. Por fim, eu diria que ela acabou como regular, tendo a primeira parte balanceado um pouco a segunda.

    Acabo por ver Dororo como um anime bom. Não nego ao dizer que o início me deixou bastante interessado e ansioso, e que a decepção bateu forte à medida que o anime cai em qualidade tanto de trama quanto de animação. Isso, porém, não torna a obra inteira ruim. Ainda que ele tropece em vários pontos, ele consegue entregar uma história e concluir de maneira bastante satisfatória.

    Honestamente, gostaria muito de ver esse tipo de fantasia mais sombria bem executada. Mesmo que Dororo não seja bem a obra que explore melhor esse tipo de temática como um todo, o anime consegue ir contra a onda de remakes mal-feitos que têm sido lançados recentemente e, como um todo, é uma obra que vale a pena dar uma olhada. Claro que certas obras, como Noragami, talvez devam ter prioridade nesse tema de samurai e temas sobre o bem, o mal e a humanidade. Mas não é como se Dororo devesse ser jogado de lado, apenas colocado na fila. Talvez?



Shiaku-san

Um comentário:

  1. concordo com tudo e mais um pouco, uma coisa também que não gostei foi o final que achei meio incompleto ficou parecendo que o ultimo episódio foi nas pressas pra acabar, se tivesse mais um episódio ou quem sabe um OVA curtinho mesmo ficaria muito bom

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